Empreendedor: se você tem evitado as conversas difíceis, repense!

Otavio Dias
3 min readFeb 21, 2020

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Como empreendedor, as melhores horas do dia são aquelas dedicadas a fazer o negócio evoluir e prosperar. Ou, claro, quando fazemos o que amamos, o que torna as tarefas mais desafiadoras fluírem com leveza e prazer.

Para quem é de agência, por exemplo, não existe nada mais entusiasmante do que as discussões estratégicas de um planejamento, do que o brainstorming criativo de um job novo, do que a vitória numa grande concorrência ou a celebração pelo atingimento de metas de uma campanha.

Mas não é só de bons momentos que nós, gestores e empreendedores, vivemos. Um dos momentos mais difíceis são as muitas conversas penosas que teimamos em evitar, mas que precisaríamos e deveríamos tanto priorizar.

Ficou meio engasgado com alguma coisa que seu sócio fez ou falou?

Espere passar o “calor” do momento e procure-o quanto antes para colocar seu ponto de vista e não passar batido. Afinal, a somatória de pendências simples às vezes resulta em separações eternamente mal resolvidas. Exatamente como nos casamentos.

Sentiu algo “estranho” no ar junto a algum cliente?

Ouça sua intuição. Recentemente, li uma pesquisadora comportamental dizendo que a intuição nada mais é que o acúmulo dos aprendizados da vida. Se você percebeu algo, provavelmente tem razão. Converse, investigue e sempre dê a oportunidade do seu cliente desabafar e expor sua insatisfação. Um cliente insatisfeito que percebe sua preocupação e sua rápida reação muito provavelmente se tornará um cliente ainda mais fiel à sua empresa.

Está insatisfeito com o desempenho de algum colaborador?

Não deixe para amanhã o que pode fazer hoje. Em vez de procrastinar essa conversa, antecipe-a. Dar e receber feedbacks objetivos e sinceros é um ato de amor. Significa que você se preocupa com seu funcionário e quer que ele evolua, amadureça e permaneça com você. Não conversar só adiará o problema e, muito provavelmente, resultará — mais cedo ou mais tarde — numa ruptura que poderia ter sido evitada.

Um fornecedor pisou na bola?

Chame-o quanto antes para conversar, exponha sua insatisfação e dê a chance dele se explicar e, junto com você, encontrar uma solução. Colocar-se no lugar do outro com empatia é um exercício desafiador mesmo. Mas ao ouvir de mente e coração abertos, você dará a chance para seu parceiro se redimir, explicar o que aconteceu e, quem sabe, conseguir resolver o problema gerado e ainda resgatar a sua confiança para uma nova tentativa. Exatamente como você desejaria que acontecesse com você quando também pisar na bola com um cliente. Somos humanos, e todos, sem exceção, corremos o risco de, mais cedo ou mais tarde, falhar. Faz parte da vida e da rotina de toda e qualquer empresa.

Para finalizar, recomendo que aja sempre ao perceber e priorize as conversas difíceis. Quanto antes elas acontecerem, mais cedo você resolverá os pequenos ou os grandes problemas que podem estar consumindo seu tempo e sua energia.

E, é claro, não economize também as conversas boas: reconheça, agradeça, elogie, parabenize e, sobretudo, celebre com seus sócios, clientes, colaboradores e parceiros as suas pequenas e grandes alegrias do dia a dia. Já está mais do que comprovado que a alegria é contagiante e que um ambiente energizado e feliz tornará seu time muito mais engajado, produtivo e criativo.

Boas estruturas arquitetônicas, hardwares e softwares jamais serão mais importantes do que o “olho no olho”, o sorriso e a preocupação genuína de cultivar bons relacionamentos.

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Otavio Dias

Sou empreendedor do mercado de comunicação. Minha primeira agência foi a Zest, vendida para Grey/WPP. Minha agência atual é a REPENSE (repense.com.br).