A Resiliência e o Empreendedorismo

Nos últimos anos, ouvimos muito sobre resiliência: a capacidade de seguir em frente e não desistir, apesar dos percalços que, inevitavelmente, enfrentamos rotineiramente em nossos negócios.

Certamente existem pessoas resilientes que não são empreendedoras. Mas, dificilmente, existirão empreendedores que não sejam resilientes.

A maioria dos empresários — micros, pequenos, médios ou grandes — antes de colher os frutos do seu sucesso, passa por desafios, dificuldades, dúvidas e questionamentos.

E, mesmo depois de atingir esse suposto “sucesso”, certamente enfrenta novos altos e baixos, e passa, quase sempre, por mudanças constantes, em especial nos dias de hoje, em que a tecnologia vem transformando tudo numa velocidade impressionante.

Acredito que a capacidade de manter aceso o ENTUSIASMO EMPREENDEDOR tem relação direta com o AMOR que você sente pelo que faz (que normalmente caminha junto com o TALENTO que você tem para o que escolheu ser o seu ofício) e também relação com o PERFIL (e a ENERGIA) das pessoas que estão com você nesta jornada, dentro e fora da sua empresa.

Ao escolhermos um empreendimento que nos “alimenta a alma” e ao nos cercarmos de pessoas que nos “encorajam, animam e apoiam — assim como ponderam, aconselham e alertam”, naturalmente nos sentimos mais fortes e… resilientes. Afinal, tudo é espelho. Assim como um líder e empreendedor energiza sua equipe, sócios e investidores, ele também precisa ser energizado por cada um deles.

Doce ilusão achar que a resiliência depende apenas do seu esforço individual. Ela depende também de todas as pessoas que você escolheu para estarem ao seu lado: não apenas seus colegas e colaboradores, mas também seus amigos e sua família. Afinal, resiliência tem mais a ver com o prazer da jornada do que com o resultado final, que é consequência direta dessa troca e sintonia maior entre as pessoas com quem você convive diariamente.

O trabalho de Boris Cyrulnik, neuropsiquiatria, psicanalista e um dos principais autores sobre resiliência, confirma que a resiliência não é uma competência individual, mas fruto dos vínculos positivos que uma pessoa tece com outras no interior de espaços sadios de convivência desde a primeira infância, com o fortalecimento dos laços afetivos e, depois, com a expressão das emoções.

Já Marcelo Ceberio, outro autor deste mesmo tempo, oferece uma visão muito mais rica da resiliência ao integrá-la à perspectiva sistêmica a partir de um ponto de vista essencialmente relacional. Ele dá a entender que não só os recursos psicológicos dos quais cada um de nós dispomos para enfrentar a adversidade são importantes para desenvolver a resiliência, mas que o nosso “entorno” também atua como importante mediador.

Por isto, ao escolher um sócio e ao contratar pessoas para o seu negócio, certifique-se de escolher pessoas muito talentosas, mas, principalmente, pessoas alinhadas com seus valores e com a sua visão de mundo.

Persiga os melhores talentos, busque a capacitação técnica, mas não abra mão da ética e da inteligência emocional.

E isto vale para sua vida pessoal também: se você quer ser bem-sucedido, cerque-se e conviva com pessoas que lhe fazem bem, que lhe energizam, que lhe ensinam, que lhe inspiram e contribuem para o seu encorajamento e crescimento pessoal e profissional.

Lembre-se sempre: bons relacionamentos frutificam os negócios… e a vida.